Padre investigado por lavagem de dinheiro fala ao Fantástico: ‘Não existe atividade criminosa’

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A construção da nova Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, Goiás, começou em 2012 e é uma das peças da investigação do Ministério Público goiano, que apura irregularidades em associações presididas por um dos padres mais populares do Brasil.

Contribuições de fiéis financiam a obra, mas a suspeita é de que as doações também estejam sendo usadas para comprar avião, fazendas, terrenos e imóveis de luxo, com a colaboração de laranjas, em um suposto esquema bilionário de lavagem de dinheiro.

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Todos os anos, desde o século 19, Trindade recebe romeiros de todo o Brasil, na celebração da festa do Divino Pai Eterno – no ano passado, a festa recebeu 3 milhões de fiéis. Atualmente, o organizador desse grande evento é o padre Robson de Oliveira.

“Afipe” é a Associação dos Filhos do Pai Eterno, entidade civil que ele criou em 2004 e que vive de doações feitas pelo site, pelo telefone e, principalmente, pelo pagamento de boletos enviados pelo correio para todo o país.

Depois de criar esta primeira associação, o padre ainda criou mais duas. Entre 2008 e 2018, as três movimentaram 2 bilhões de reais. O Gaeco, Grupo de Combate à Corrupção do Ministério Público de Goiás, levantou todas as transações financeiras das associações nos últimos 10 anos: negociações difíceis de entender até para os investigadores.

Foram quase três anos de investigação para rastrear e entender mais de 1.200 transações de compra e venda de imóveis, além de transferências, depósitos e saques milionários.

Nesta sexta-feira (21), o MP foi para as ruas de Trindade, Goiânia e São Paulo em uma grande operação. Promotores foram até a casa do padre Robson e mais 15 endereços de pessoas físicas e empresas para cumprir mandados de busca e apreensão.

Segundo os investigadores, os valores movimentados, não só pela Afipe, mas por todos os envolvidos na investigação, podem ser maiores do que R$ 2 bilhões.

Imagens exclusives mostram os promotores fazendo busca na chamada Casa dos Padres em Trindade. O padre Robson acompanhou o trabalho dos investigadores. Os promotores também estiveram em uma casa que o padre usa muito, que tem banheira de hidromassagem, piscina aquecida na área interna e banheiro de mármore. A casa é da Afipe.

Em nota, a Arquidiocese de Goiânia e a Província dos Missionários Redentoristas de Goiás — a congregação do padre — dizem que recebem com surpresa e aceita com humildade os atos praticados pela autoridade judiciária do estado de Goiás. A nota diz que as duas instituições estão abertas para apurar, com transparência, quaisquer denúncias em desfavor de seus membros. Diz também que elas confiam no trabalho evangelizador de cada um de seus sacerdotes e que querem o esclarecimento de todos os fatos.

O secretário de Segurança Pública de Goiás afirma que investigadores se reuniram com emissários do Vaticano.

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