Dal descarta candidatura a prefeito de Amargosa e diz que a Bahia “é um canteiro de propagandas”

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Eleito deputado federal pelo União Brasil, Dal Barreto defende que o partido mantenha a posição de independência ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional e de oposição ao governo Jerônimo Rodrigues na Bahia.

Em entrevista ao Bahia Notícias, o empresário do ramo de postos de combustíveis admitiu a existência de “mágoas” já superadas com a base governista, da qual fez parte como deputado estadual pelo PCdoB e PP, e também admitiu que, hoje, se sente mais respeitado como parlamentar da bancada da oposição marchando ao lado de caciques da legenda como ACM Neto.

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Na avaliação de Dal, a Bahia, antes governada pelo ministro da Casa Civil Rui Costa, transformou-se num “canteiro de propagandas” e isso em nada reflete a realidade enfrentada pelo povo baiano, que sofre com os altos índices de violência e baixo desempenho nos indicadores da educação. O parlamentar afirmou já ter se conformado com a derrota do candidato a governador em 2022, ACM Neto, mas que ainda nutre a esperança de que o povo baiano “mude a cabeça e veja que a gente tem condição de ter um gestor que possa fazer muito mais pela Bahia”.

Na entrevista, o deputado federal Dal Barreto também descartou a possibilidade de disputar as eleições em Amargosa, seu reduto eleitoral, ano que vem; fez uma avaliação dos primeiros oito meses do governo Lula e contou os bastidores da eleição para presidente da Câmara, que tem o seu correligionário Elmar Nascimento, que ele chama de “líder”, como um forte nome na disputa.

Dal Barreto é conhecido por ser um empresário bem-sucedido no ramo de postos de combustíveis. O senhor foi deputado estadual, agora é deputado federal, como consegue se manter fiel às suas atividades empresariais? Está conseguindo conciliar com a política?

Esse é um assunto muito discutido com os amigos e com as pessoas que conversam comigo. A receita para isso aí é trabalho, muito trabalho. Eu tenho buscado trabalhar quase que em tempo integral, todos os dias da semana e, às vezes, até no final de semana para poder dar atenção a base política que me ajudou a chegar a Brasília, também dando muita atenção ao mandato legislativo lá em Brasília. Eu posso monitorar as empresas com a equipe que a gente construiu ao longo desses 20 anos de empresa de combustível. A gente conseguiu montar aqui [em Amargosa] uma equipe muito qualificada que vem me ajudando muito, então graças a Deus a gente vem conseguindo dar conta, sim. Levando em consideração que a gente, como você falou, foi eleito deputado estadual em 2018 com um pouco mais de 70 mil votos e dobramos a votação em 2022, essa é a prova de que a população baiana aprovou o nosso primeiro mandato.

O senhor foi eleito deputado estadual pelo PCdoB, migrou para o PP e, agora, é deputado federal pelo União Brasil. Como tem sido a sua relação com os colegas de bancada aqui da Bahia em Brasília, considerando que o senhor foi um dos primeiros deputados da base a romper com o governo e passar para oposição?

Eu não fui um dos primeiros a romper com o governo, eu fui o primeiro deputado estadual a  romper com o governo na eleição de 2022. Eu fui para a oposição por entender que a Bahia precisava de uma gestão um pouco mais operante. A gente tem um problema muito grande hoje com a segurança pública do Estado. A gente tem ficado com medo, eu tinha ficado com medo de andar nas ruas de Salvador por conta da violência e no interior também. Existe uma preocupação muito grande. Eu vejo a cada dia a violência aumentando no nosso Estado e, infelizmente, isso é reflexo desse governo que a gente está vendo aí há 17 anos, que nada faz para que esses números mudem, para que esse quadro mude. Então, eu tenho muita tranquilidade quanto a isso. Eu tenho mostrado para aqueles que me acompanham, e que me acompanharam na eleição 2022, que não dá para seguir junto com um governo que não governa, um governo que faz da Bahia um canteiro de propagandas. A  gente entende que a opinião é sempre dividida. A Bahia ficou muito dividida na última eleição, quase que meio a meio em relação ao governo do Estado, mas eu entendo que a gente precisa de uma gestão melhor e eu continuo na oposição esperando que o povo baiano mude a cabeça e veja, na sua maioria, que a gente tem condição de ter um gestor que possam fazer muito mais pela Bahia.

O senhor foi para o grupo de ACM Neto e existia uma grande expectativa por parte desse grupo da vitória dele, mas, no entanto, ele não ganhou. O senhor se arrependeu de ter mudado de lado?

Em nenhum momento. Eu estou muito feliz em estar junto com ACM Neto, junto com o grupo da oposição. Eu sou muito respeitado dentro do grupo da oposição, coisa que não acontecia quando eu estava na base do governo. Infelizmente, o ex-governador [Rui Costa] não respeitava os nossos votos nas regiões onde a gente era votado e, às vezes, fazia da forma que ele entendia que era melhor para o PT. Então, eu estou muito satisfeito em estar fazendo parte do grupo do ex prefeito de Salvador ACM Neto e vou continuar firme junto com ele, junto com o nosso grupo trabalhando em Brasília para que a gente possa trazer benefícios para nossa Bahia.

Falando um pouquinho da política regional, o senhor tem forte atuação no Vale do Jiquiriçá, no Recôncavo baiano e no baixo Sul. Como o seu mandato tem ajudado essas regiões em termos de emendas e projetos?

Existe uma pequena dificuldade nesse primeiro ano porque os deputados que se elegeram em 2022, em 2023, não têm a condição de levar as emendas impositivas porque quem colocou essas emendas foram os deputados que estavam na legislatura passada e que votaram o orçamento de 2023, portanto, tem essa condição da indicação das emendas impositivas. Mas com nossas articulações políticas junto com o nosso líder do União Brasil, Elmar Nascimento, a gente tem, sim, levado benefício para todas as cidades que a gente foi votado. São mais de R$ 30 milhões que já trouxemos esse ano para Bahia em benefícios para a saúde, em benefícios para melhorar a estrutura hídrica do Estado, em benefício para trazer equipamentos agrícolas para que a gente possa dar condições melhores para o povo da Bahia, sobretudo, as pessoas que mais precisam, as pessoas que necessitam desse auxílio do poder público.

Existe alguma previsão de quando as emendas começarão a ser pagas? Essa é uma das queixas dos deputados em Brasília em relação ao atual governo.

O governo ainda não tem pago as emendas que foram alocadas no orçamento do ano passado e quando for paga, infelizmente, não são indicações minhas, são indicações dos deputados que estavam na legislatura passada, mas eu estou acompanhando de perto, já foram pagas algumas dessas emendas impositivas do ano passado e está na previsão que seja pago até setembro, e o governo finalize até outubro. O governo tem até o final do ano para pagar, não pode ficar emendas impositivas de um ano para o outro, não pode virar dois anos sem pagar, então, consequentemente, tem que ser paga. A gente vai votar no orçamento esse ano, provavelmente, em novembro ou dezembro a gente vote o orçamento para que a gente possa alocar as emendas que cada parlamentar tem direito de acordo com a lei. A gente vai poder levar esses recursos e benefícios para o municípios e, de certa forma, ajudar a nossa Bahia.

O senhor é filho de Amargosa, conhecedor da Bahia, viaja bastante. Quais são as principais dificuldades que o senhor ainda identifica nessas andanças pelo interior?

Olha, a Bahia, infelizmente, são dois estados: O estado da propaganda e o estado da dura realidade que vivemos. Infelizmente é dessa forma. Quem olha a Bahia nas páginas do governo vê um estado maravilhoso, talvez um dos mais bonitos do Brasil e com o melhor cenário do Brasil. As belezas, é verdade, é um estado bonito e que dá gosto de se ver, mas, infelizmente, a nossa realidade é difícil, a gente tem uma dificuldade muito grande, um desemprego muito grande. A Bahia não tem criado novas alternativas de emprego pelo poder público, a gente tem um número de desempregados que é recorde no Brasil. A gente tem uma saúde muito difícil, eu que sou deputado no segundo mandato acordo todos os dias com problemas de regulação, dessa maldita regulação, que não se tem uma mudança drástica no governo a ponto de poder resolver em nenhum momento. No interior da Bahia é um caos total, a gente não tem hospital no interior da Bahia para nada. Eu, como você falou, sou de Amargosa e a gente, às vezes, se depara com situações de média complexidade e baixa complexidade que a gente não consegue resolver no interior por conta dessas situações que acabam sobrecarregando os hospitais de Salvador de forma que a gente não consegue ver, em nenhum momento, essa evolução na saúde. A gente vê muita dificuldade também na educação da Bahia, pelo menos os índices que a gente acompanha são índices ruins e que a gente fica triste de ver que o futuro dos nossos jovens e crianças fica comprometido. Então, eu vejo como um todo que a Bahia não vai bem. A gente aceita o resultado da eleição sem dificuldade nenhuma porque eleição é dessa forma, mas a gente sabe que as dificuldades da Bahia são muitas. A gente tem esse problema hídrico na Bahia que é muito grande, a gente tem um estado que tem uma dificuldade de chuva e grande parte dele, e eu que ando nos cantos e recantos do Estado, vejo uma dificuldade muito grande. A gente vê a propaganda muito bonita, mas quando a gente chega às localidades a gente vê que as pessoas não têm acesso a água, não têm acesso a energia. Eu acho que a gente precisa melhorar muito, mas eu tenho certeza que vou dar minha contribuição da forma que puder e que as pessoas vão, no momento oportuno, dar oportunidade a quem realmente pode e já mostrou que tem condição de mudar o nosso Estado.

Deputado, o senhor é pré-candidato a prefeito de Amargosa? Hoje, o senhor faz oposição ao atual prefeito, o seu nome está colocado?

Realmente, eu sou opositor ao atual prefeito, mas não sou pré-candidato. Eu fui votado em mais de 390 municípios baianos e quero cumprir o mandato. Eu acho que as pessoas confiaram em votar em mim e eu tenho que ter cuidado de poder representar esse povo, que são mais de 140 mil baianos e baianas. O meu nome não está colocado e está descartada essa possibilidade.

Quem o senhor apoia?

Neste momento, como pré-candidato à prefeitura de Amargosa, nós teremos um pré-candidato que representará a oposição e que eu tenho certeza que a gente vai disputar de forma muito correta a eleição contra a atual gestão. O nome dele já está posto aqui na cidade, ele é um empresário aqui do nosso município. O nome dele é Bia Cintra, ele não é do cenário político, mas é uma pessoa que tem muita amizade na cidade, tem muito conhecimento e, acima de tudo, tem muita competência. Ele é empresário, veio de baixo, de uma família humilde da cidade e conseguiu se organizar e montar suas empresas e agora está vindo para a política. Ele é empresário também do ramo de combustível, um velho amigo meu.

E na Câmara Federal, o nome de Elmar Nascimento, que é seu correligionário, está cotado como um possível candidato à presidência da Câmara dos Deputados. O senhor está acompanhando os bastidores dessa costura? Em que pé estão essas discussões no partido e na bancada?

Elmar Nascimento é meu líder partidário na Câmara, líder do União Brasil, e eu quero que você enfatize bem, que ele é o meu líder político em Brasília. É ele quem coordena todas as nossas decisões lá, e eu sigo muito as decisões. Ele é um homem muito sério e  que tem me ajudado muito em Brasília. Eu estou torcendo muito para que ele possa ser o nosso próximo presidente da Câmara. Eu não tenho dúvida que se Elmar for o próximo presidente da Câmara, a Bahia vai ganhar muito com isso. Ele tem um olhar muito voltado para Bahia e eu não tenho dúvida que será um grande presidente porque ele é um dos deputados, talvez, mais articulados de Brasília e tem a cada dia conseguido avanços para  que a gente possa, junto com o União Brasil, trazer benefícios para Bahia e para todo o Brasil até porque o União Brasil é formado por deputados de todos os estados do Brasil. E o Elmar tem ajudado todos esses deputados do Brasil para que a gente possa se fortalecer cada dia mais.

Qual a avaliação que o senhor faz desses quase nove meses do governo Lula. Em comparação com a gestão anterior, o senhor acha que houve avanços ou retrocessos?

Eu acho que teve sim alguns requisitos que a gente conseguiu avanços nos últimos oito meses, assim como tem outras coisas que precisam ainda melhorar. A gente está lá em Brasília para ajudar no que for necessário a gestão e o presidente, para que ele possa melhorar a vida do povo brasileiro. Eu não sou torcedor do quanto pior melhor, mesmo sendo da oposição. Nós somos oposição na Bahia e o União Brasil mantém a postura independente no cenário nacional votando em tudo que for necessário para melhorar a vida do povo brasileiro.

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