Gostaria de deixar, nessa data em que se comemora o dia internacional do orgulho LGBTQIA+, um sentimento de muita dor.
Não temos muito a comemorar. Embora se diga o contrário e se celebre com tanta pompa.
A Bahia é o terceiro estado do Brasil com maior registro de assassinatos de mulheres transexuais e travestis em 2020. O relatório é da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), que alerta anualmente para o crescimento das mortes violentas da população trans do país. Só no ano passado foram 19 trans assassinadas – um aumento de 137,5%.
A falta de apoio institucional e afetivo faz com que milhares de pessoas atravessadas por tais características sofram inúmeras violências e humilhações, dentre as quais é possível destacar o fato de que, entre os adolescentes (gays e lésbicas), com idade de 13 a 17 anos, o índice de suicídio é cinco vezes maior do que entre jovens heterossexuais de mesma faixa etária, assim diz a Universidade de Colúmbia nos Estados Unidos.
Não é fácil assumir no corpo essa impressão que se vale de rubricas funerárias.
Mais do que isso… não é fácil admitir o fato de que nós, bichas e sapas, ainda vivamos um abismo de closes e desamparo.
Não há sorosidade, ombridade, solidariedade, generosidade entre nós. É uma fatalidade.
Não há nada do que possamos chamar de nosso, além de nossas dores.
Isso deveria ser o nosso principal campo de força, em vez de convocação de guerra.
Quem sabe um dia encontraremos um espelho com que se mirar; por enquanto, a política é a da ostentação, infelizmente.