Travesti perde guarda do filho por causa de peruca e é alvo de ataques

Propaganda

Travesti e ativista pelos direitos humanos, Bárbara Pastana, conhecida como a “Dama de Ferro do Pará”, mostrou nas redes sociais uma cena que acabou considerada por muitos como um crime. Ela perdeu a guarda do filho, precisou pedir exoneração do seu cargo na prefeitura de Belém (Pará) e foi alvo de haters que desejaram a sua morte. O que a estudante de Serviço Social fez?

Na tarde do dia 3 de abril Pestana se sentou no pátio de casa para tomar uma fresca ao lado da sua mãe e do seu filho. Ela usou em si uma peruca cujos cabelos volumosos e repicados alcançavam a altura de seus ombros. “Eles começaram a rir de mim na hora”, contou em entrevista à Folhapress.

Propaganda

Em meio aos risos, Pestana colocou o adereço no filho, para ver “se ele continuaria rindo da situação”. Porém, o menino chorou. Tudo foi gravado e publicado pela própria mãe nas redes sociais. Na legenda, ela escreveu: “kkk ele fica louco quando quero pentear minhas perucas e uso a cabeça dele como molde kkkkkk”.
“Coloquei nele sem nenhuma intenção de prejudicá-lo”, pontuou. A brincadeira entre mãe, avó e filho foi um prato cheio para internautas que alimentam discurso de ódio. Até parlamentares criticaram a situação.

O deputado federal Éder Mauro (PSD-PA), líder da Bancada da Bala na região Norte, acusou a ativista de querer mudar a orientação sexual do menino: “obrigou o seu filho, ainda criança, a usar perucas contra a sua vontade”.

O vídeo virou motivo de denúncia encaminhada ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar. Três dias depois, o garoto foi retirado da casa da mãe e levado para viver com o tio, um pastor evangélico.

A denúncia afirma que Pastana teria descumprido o artigo 232 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) ao “submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento”. Quem é flagrado nessa situação, segundo o artigo do ECA, pode ser condenado a cumprir uma pena de seis meses a dois anos de prisão.

No último dia 4, o defensor público Carlos Eduardo Barros da Silva ingressou na Justiça com um pedido de liminar para devolver a guarda da criança a Pastana. Ele também aguarda a finalização de um relatório social sobre como o garoto era tratado quando estava sob os cuidados da ativista, que será inserido no processo. Caberá à juíza Rubilene Silva Rosário, titular da 1ª Vara da Infância de Belém, definir o futuro do menino, que também deverá ser ouvido.

Pastana teve o primeiro contato com o filho quando ele tinha dois dias de vida, em novembro de 2013. Nascido prematuro, foi abandonado pelo pai e morava com a mãe biológica sob péssimas condições num cubículo –junto de outros três irmãos. Doente, o garoto foi resgatado pela ativista, que recebeu o convite da mãe biológica para registrá-lo. Pestana não fez a retificação de seu nome e seu gênero nos documentos pessoais. Diante disso, a travesti optou por registrar o garoto como pai.

Agora, pela primeira vez em sete anos, Pastana não comemorará o Dia das Mães como planejava neste domingo (09/05), ao lado do filho. “Será o dia mais triste da minha vida… Nem tenho lágrimas para derramar”, lamentou Bárbara Pestana.

Propaganda

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui