O mundo da bola durante a pandemia, na visão de Ronaldo Fernandez Mendes

Ronaldo Fernandez Mendes
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Os planos dos clubes para a próxima janela de transferências deveriam estar prontos. Os compradores teriam seus objetivos identificados ou acordos fechados. Os vendedores esperariam pelo dinheiro que, na maioria das vezes, serviria para evitar que o balanço fique no vermelho, o que é muito comum no Brasil. Essa perspectiva ficou no passado, de acordo com o empresário especialista no mundo da bola, Ronaldo Fernandez Mendes.

De acordo com Ronaldo Mendes, a pandemia de coronavírus pode ter mudado de maneira irremediável o mercado do futebol.

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“Havia uma bolha [nos valores das transferências] e ela ia estourar a qualquer momento. Estourou da pior maneira possível. Vejo jogadores, clubes e agentes falando ‘ah, quando as coisas voltarem ao normal…’. Esquece. Nada será como antes. O futebol não será o que foi no passado. Esta é uma crise sem precedentes”, afirma Ronaldo Fernandez Mendes, nome de peso neste mercado e respeitado por grandes jogadores do cenário mundial.

O futebol está parado desde março por causa do novo coronavírus. Dirigentes de times de todos os continentes estão desesperados para que os jogos retornem, mesmo que com portões fechados. Isso por causa do dinheiro. A multinacional de auditoria KPMG estima que as cinco principais ligas nacionais da Europa (Alemanha, Espanha, Inglaterra, Itália e França) vão perder US$ 4,33 bilhões (R$ 22,3 bilhões) se a temporada não for finalizada dentro de campo.

Apenas a Premier League, dona dos contratos de televisionamento mais lucrativos do planeta, teria de pagar multa de quase US$ 900 milhões (R$ 4,63 bilhões), o que seria um prejuízo enorme, diz Ronaldo.

Ronaldo Fernandez Mendes: “Eu não acredito que veremos durante algum tempo transferências de 100 ou 150 milhões de euros. Os negócios vão continuar acontecendo, mas em um patamar menor, num ritmo mais lento.

A janela europeia, que sempre movimenta mais dinheiro, estava programada para abrir em 1º de julho e ficaria assim (em quase todos os países) até 31 de agosto. No ano passado, ela movimentou US$ 6 bilhões (R$ 31 bilhões na cotação atual) nas mesmas cinco principais ligas do continente, segundo estudo da Deloitte Sports Business.

Esse assunto gera suspense por causa da doença. Não se sabe quando a janela vai abrir ou se isso acontecerá. A Fifa deixou aberta às associações nacionais a possibilidade de estenderem os vínculos dos atletas com suas equipes.

A indefinição e a crise financeira estão também no Brasil, onde há a mesma determinação para jogar, nem que seja com portões fechados. A Globo ainda não pagou a última parcela dos direitos de transmissão dos principais estaduais. Apenas em São Paulo, o número está em cerca de R$ 30 milhões.

Times que precisam vender atletas para fechar as contas podem sofrer.
“Flamengo, Palmeiras e Athletico são os três clubes que têm caixa e conhecem o nosso mercado interno. Mesmo que a janela de transferência seja estendida, esta parada vai prejudicar a performance porque é mais difícil avaliar jogadores e os preços devem baixar. Teremos uma guerra de ideias entre clube vendedor e clube comprador. Sem dúvida as equipes precisarão se readequar”, Ronaldo Fernandez Mendes enfatiza mais uma vez, preocupado com o que poderá acontecer.

“Os clubes vendedores perderam o poder de barganha, sem dúvida. Vários vão usar isso na hora de definir salários de novos jogadores ou na renovação de contrato, ainda mais na América do Sul. A lógica de mercado dos times sul-americanos é a da venda de jogadores. Na Europa, a história é outra. A receita do Barcelona é de 1 bilhão de euros sem contar negociação de atletas. E no Brasil?”, questiona Ronaldo.
Como o futebol é uma parte da sociedade, as consequências do novo coronavírus podem ser parecidas. Se a pandemia fez países fecharem suas fronteiras e impedirem a entrada e saída de pessoas, o mundo da bola terá de voltar o olhar para o mercado interno. Principalmente as nações que costumam ser mais vendedoras, como Brasil e Argentina.
Há clubes que já começam a fazer esse trabalho.

“As dificuldades serão enormes porque o mercado terá pouca ativação, pouco fluxo. Não acontecerão grandes movimentações”, afirma Ronaldo Mendes, extremamente preocupado.

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