Uma eventual saída de Sérgio Moro (União Brasil) da lista de pré-candidatos à Presidência pode ajudar a reconfigurar composições políticas no campo da terceira via. No entanto, segundo pesquisas de intenção de voto divulgadas nos últimos meses, a distribuição de seu potencial eleitorado não consegue romper o cenário polarizado entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Análise da XP Política com base nas duas últimas pesquisas do Ipespe aponta que, na prática, a desistência do ex-juiz distribuiria poucos pontos percentuais. Nas pesquisas de intenção de votos, o ex-juiz aparecia com, no máximo, 9% das intenções de votos.
Dos pré-candidatos, quem mais herdaria as intenções de votos de Moro seria Ciro Gomes (PDT), com 17%. Depois, Bolsonaro, de quem Moro foi ministro, com 15%. O pré-candidato do PSDB, João Doria, ficaria com 12%.
O resultado seria tímido, se comparado com o eleitorado total. Ciro, por exemplo, subiria apenas 1,4 ponto porcentual sem Moro na disputa. Bolsonaro ganharia 1,3, e Doria, 1. Isso acontece porque, segundo a XP Política, 40% deste eleitorado migraria para o não voto quando o ex-juiz é retirado da simulação, sobrando um contingente enxuto de eleitores para os concorrentes.
BOLSONARO
O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda afirmou que o grande beneficiado pela saída de Moro é Bolsonaro. Para ele, o resultado da distribuição de votos consolida Ciro Gomes na terceira posição, mas a quantidade de eleitores que apoiariam outros nomes é muito pequena comparada ao ganho indireto do presidente.
– Saiu um competidor do eleitorado centro-direita, que é original do Bolsonaro, e sobretudo saiu alguém que ia empunhar a bandeira da Lava Jato contra ele na campanha eleitoral – disse.
O especialista também aponta que, no momento, Bolsonaro tem campo livre para ele mesmo empunhar a bandeira contra Lula.
O cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira corrobora que os ganhos serão pouco significativos e entende que o menor beneficiado com a distribuição deve ser Lula.
– O eleitor de Moro tende a ser antilulista. Quem não ganha é o Lula, mas pode ser que Bolsonaro pegue a maior parte e outra se distribua entre os demais candidatos – avaliou.
*AE