“Banho de sangue”: Lula diz ter se assustado com fala de Maduro

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rompeu o silêncio e decidiu comentar de forma direta as ameaças de Nicolás Maduro envolvendo um “banho de sangue” e uma “guerra civil fraticida” se perder as eleições na Venezuela. Em entrevista a agências internacionais no Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (22), o petista disse que ficou “assustado” com as declarações do colega e que ele “precisa aprender” a se retirar do poder caso leve um “banho de voto”.

– Eu fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que, se ele perder as eleições, vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora – exortou Lula.

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O chefe do Executivo ainda abordou a necessidade de haver um “processo eleitoral” reconhecido e respeitado mundialmente para que a Venezuela volte à “normalidade”.

– Eu já falei para o Maduro duas vezes, e o Maduro sabe, que a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo o mundo. Se o Maduro quiser contribuir para resolver a volta do crescimento na Venezuela, a volta das pessoas que saíram da Venezuela e estabelecer um Estado de crescimento econômico, ele tem que respeitar o processo democrático – acrescentou o petista.

Até então, Lula só havia abordado o tema de forma indireta e geral, sem entrar no mérito dos discursos intimidatórios de Maduro.

– Por que eu vou querer brigar com a Venezuela? Por que eu vou querer [brigar] com Nicarágua? Por que eu vou querer [brigar] com a Argentina? Eles que elejam os presidentes que quiserem. O que me interessa é a relação de Estado para Estado – havia dito o petista na última sexta (19).

“DEMOCRACIA RELATIVA”
A fala desta segunda reflete uma recente mudança de postura de Lula em relação à situação política do país vizinho. Em junho do ano passado, por exemplo, o petista havia defendido que o conceito de democracia é “relativo”, ao ser questionado pela Rádio Gaúcha sobre o por quê de parte da esquerda persistir na defesa do regime de Maduro.

– A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. O conceito de democracia é relativo para você e para mim. Eu gosto de democracia, porque a democracia que me fez chegar à Presidência da República pela terceira vez. Por isso que eu gosto da democracia e a exerço na sua plenitude. Aqui, eu acho que o mundo inteiro sabe que a governança do PT é exemplo de exercício da democracia – assinalou.

AMEAÇAS DE MADURO
Em comício realizado em Caracas na última quarta (17), o ditador venezuelano disparou frases que despertaram preocupação internacional.

– Em 28 de julho se decide se a Venezuela permanecerá em paz ou se vamos entrar em um cenário de desestabilização e uma guerra civil. Se a direita fascista enganar a população na Venezuela, pode haver um banho de sangue e uma guerra civil, porque esse povo não permitirá que lhe tirem seu país. Não vai deixar que entreguem a Guiana Essequiba, não vai deixar direitos sociais serem privatizados – disse Maduro.

No último sábado (20), ele renovou as ameaças, citando uma Venezuela “convulsionada e violenta”.

– Em 28 de julho, o futuro da Venezuela será decidido para os próximos 50 anos, seja uma Venezuela de paz ou uma Venezuela convulsionada, violenta e cheia de conflitos. Paz ou guerra – acrescentou.

O sucessor de Hugo Chávez ainda insistiu na narrativa de que é o favorito do pleito deste ano, contrariando pesquisas de intenção de votos independentes.

– A partir de agora querem alegar fraude. Eles sabem a verdade, a rua sabe a verdade, o povo sabe a verdade. Estamos vencendo e vencendo. Ela [Corina Machado, líder da oposição] sabe disso, e os estrangeiros sabem disso – completou.

Segundo pesquisa eleitoral conduzida pelo Centro de Estudos Políticos e Governamentais da Universidade Católica Andrés Bello (CEPyG-UCAB) e a empresa Delphos, a derrota de Maduro parece iminente. O levantamento indica que o candidato da oposição Edmundo González Urrutia acumula 59,1% das intenções de voto, contra 24,6% de Maduro

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