Apostas online deixam 1,3 milhão de brasileiros inadimplentes no 1º semestre, diz Confederação Nacional do Comércio

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Jogos de apostas online deixaram um total de 1,3 milhão de brasileiros inadimplentes no primeiro semestre deste ano, segundo levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio).

O setor está na mira do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que busca acelerar a regulamentação do setor. O Ministério da Fazenda quer, por meio da imposição de limites de apostas e de propagandas, reduzir os riscos do que chamou de uma “pandemia” que causa o endividamento dos brasileiros.

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Segundo a CNC, os brasileiros gastaram R$ 68,2 bilhões em apostas online entre junho de 2023 e junho 2024, o que representa 0,62% do PIB (Produto Interno Bruto). O valor coincide com o que consta em um relatório divulgado no mês passado pelo Itaú Unibanco.

Os dados da CNC fazem parte de um levantamento que cruzou dados da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) da confederação e do Balanço de Pagamentos do Banco Central, que mudou a metodologia no ano passado para possibilitar a identificação das apostas online.

A Peic é apurada mensalmente com dados coletados em todas as capitais dos estados e no Distrito Federal, com aproximadamente 18 mil consumidores, divididos por critérios de classe e gênero.

Segundo o estudo, 22% da renda disponível das famílias brasileiras foi destinada às apostas no último ano. A CNC diz que o comprometimento de uma parte importante da renda dos brasileiros com os jogos, inclusive com o aumento do endividamento, gera preocupações econômicas e sociais.

“O público jovem e de baixa renda é o mais impactado. As apostas, que inicialmente parecem uma forma de entretenimento, acabam comprometendo uma parte considerável do orçamento, resultando na inadimplência e na redução do consumo de bens essenciais”, afirma o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.

No comércio, a confederação estima que, com as apostas desreguladas nas chamadas “bets”, o varejo enfrenta potencial redução anual de até 11,2% no faturamento, o que representa uma perda de R$ 117 bilhões por ano. Apenas no primeiro semestre de 2024, a entidade estima que os jogos online já retiraram R$ 1,1 bilhão do setor varejista.

Uma reportagem recente do jornal Folha de S.Paulo mostrou que brasileiros, muitas vezes atraídos pela ideia de dinheiro fácil, deixam de consumir itens básicos para fazer apostas nas bets.

De acordo com um levantamento da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), consumidores vêm reduzindo o ritmo de compras especialmente nos segmentos de itens de vestuário, supermercados e viagens.

Desde a aprovação de uma lei em 2018 que autorizou as apostas esportivas, o mercado das bets vem observando crescimento exponencial. No início deste ano, dados do Google Trends —ferramenta que exibe os termos mais populares do buscador— mostraram que as pesquisas por jogos de apostas aumentaram 20 vezes nos últimos cinco anos.

Para a CNC, modalidades de apostas online, como o “Jogo do Tigrinho”, que funciona como um cassino na internet, podem gerar impactos mais profundos nos casos de apostadores que são pobres e chefe de família.

“Isso pode agravar ainda mais o ciclo de pobreza e desigualdade, já que muitos estão utilizando recursos essenciais para apostar”, afirma Tavares.

Folhapress

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