Lula comenta suspeita na eleição da Venezuela: ‘Como resolve? Apresenta a ata’

Propaganda
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se pronunciou pela primeira vez nesta terça-feira (30) sobre o impasse nas eleições presidenciais da Venezuela, realizadas no domingo (28). Lula afirmou que, para “resolver a disputa”, é necessário que as autoridades locais apresentem as atas de votação.

A declaração foi dada em uma entrevista exclusiva na manhã desta terça-feira (30) no Palácio do Planalto à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso.

Propaganda

Nas eleições venezuelanas, as atas são boletins que registram os votos em cada urna, mas elas não foram devidamente apresentadas pelas autoridades do país. O governo da Venezuela alega falha no sistema.

O resultado oficial, apresentado pelo Comitê Nacional Eleitoral (CNE), aponta o atual presidente, Nicolás Maduro, como vencedor com 51,2% dos votos. No entanto, a oposição e autoridades estrangeiras alegam fraude e dizem que o vencedor foi o oposicionista Edmundo Gonzalez.

O CNE é ligado ao governo venezuelano e, na prática, é controlado por Maduro. Desde esta segunda-feira, a oposição tem realizado manifestações de rua na capital, Caracas.

Lula, que no início do mandato era próximo a Maduro, mas depois se distanciou, não se manifestou sobre a Venezuela no domingo nem na segunda-feira. A declaração veio nesta terça-feira, dois dias após o início do impasse.

“É normal que haja uma disputa. Como se resolve essa disputa? Apresenta a ata. Se houver dúvidas sobre a ata entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e espera o processo na Justiça. E haverá uma decisão que deve ser acatada. Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo”, afirmou o presidente. Lula condicionou o reconhecimento do resultado à apresentação das atas.

“Quando as atas forem apresentadas e confirmado que são verdadeiras, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela”, disse.

Outros países da América do Sul e importantes parceiros do Brasil — como Argentina, Chile e Uruguai — contestaram o resultado da Venezuela.

Lula iniciou seu mandato buscando reintegrar Maduro ao continente. O presidente venezuelano está no poder desde 2013 e vem renovando os mandatos com eleições consideradas suspeitas por observadores internacionais.

O governo brasileiro apostava em usar a interlocução de Lula com Maduro para influenciar a realização de eleições limpas. Contudo, Maduro radicalizou o discurso, impediu oponentes de participarem, e o governo brasileiro se afastou dele.

A estratégia da diplomacia brasileira, e de Lula, tem sido aguardar a apresentação das atas.

“O que precisa é que as pessoas que discordam tenham o direito de se expressar, de provar que discordam, e o governo tem o direito de provar que está certo”, continuou o presidente.

Na noite desta segunda-feira (29), o PT “quebrou” o silêncio de Lula e a cautela do governo, reconhecendo a reeleição de Maduro. A nota foi assinada pela executiva nacional do partido.

Lula comentou a nota do PT, afirmando que não há nada “grave” nem “assustador” no processo eleitoral venezuelano.

“O PT reconheceu, a nota do partido dos trabalhadores reconhece, elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas que ocorreram. E ao mesmo tempo reconhece que o colégio eleitoral, o tribunal eleitoral já reconheceu Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não. Então, há um processo. Não há nada de grave, nada de assustador. Vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não há nada de anormal. Houve uma eleição, alguém disse que teve 51%, alguém disse que teve 40 e poucos por cento. Um concorda, o outro não. Entra na Justiça e a Justiça decide”, concluiu.

Os manifestantes protestam contra o resultado que indicou a vitória do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, após uma eleição tensa no fim de semana. A oposição e a comunidade internacional pedem a divulgação completa das contagens de votos.

Na tarde desta terça-feira (30), María Corina Machado e Edmundo González, da oposição, protestaram em frente à sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Caracas.

Segundo a ONG Pesquisa Nacional de Hospitais, que monitora a crise hospitalar e centros de saúde da Venezuela, uma das mortes ocorreu em Caracas, e as outras três, em Aragua, no centro do país.

Propaganda

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui