No momento em que as definições sobre o retorno do futebol parecem cada vez mais próximas, o zagueiro Juninho, do Bahia, vai na contramão do pensamento de que já é possível retomar as competições paralisadas por causa da pandemia do novo coronavírus.
Durante entrevista após o treino da manhã desta segunda-feira (29), na Cidade Tricolor, o defensor afirmou entender que a crise do coronavírus ainda se encontra em um estágio crítico no país e que, por isso, o futebol não deveria ser retomado, mesmo que os jogadores tenham toda a segurança dentro do estádio.
“Para voltar, nós vamos ter segurança, mas não acho que seja o melhor momento para o futebol. Estamos tendo segurança aqui no clube, fazendo os protocolos, exames, isso vamos ter também nos jogos. Mas eu acho que não é o momento adequado para voltar”, explicou Juninho.
O jogador disse ainda que ficou preocupado ao saber que o Campeonato Carioca seria reiniciado. O estadual do Rio de Janeiro foi retomado sob críticas. No domingo (28), três jogadores do Volta Redonda testaram positivo para o vírus horas antes do duelo contra o Fluminense, no Engenhão, e precisaram ser afastados.
“Quando a gente soube que o Carioca iria voltar, nós ficamos com um pouco de receio porque nem treinando presencialmente estávamos ainda. A gente fica um pouco inseguro, mesmo sabendo que aqui ainda não tem nem data para voltar, mas todo mundo sabe da crise que estamos vivendo, muitas pessoas morrendo. Acho que esse ainda não é o momento para voltar, apesar de a gente estar treinando”, continuou.
De acordo com o boletim divulgado na noite do último domingo (28), o Brasil já registrou mais de 1,3 milhão de casos de covid-19 e 57.658 pessoas morreram em decorrência da doença. Na Bahia, 68.495 casos foram confirmados desde o início da pandemia e 1.748 óbitos.
Vantagem carioca
Apesar de ser contra o retorno do futebol, Juninho acredita que os clubes do Rio de Janeiro vão iniciar o Brasileirão com certa vantagem, já que estarão com mais ritmo de jogo do que as outras equipes. Ele diz, no entanto, que tem focado nos treinos para que a diferença seja mínima.
“Vantagem (os times do Rio de Janeiro) vão ter. Até o momento estamos treinando no CT, mas em grupos diferentes por conta do protocolo de segurança, e lá eles já estão jogando. Provavelmente vai ter uma diferença ou outra, mas no campo nós temos que esquecer tudo, são 11 contra 11. Temos que focar na nossa preparação aqui e esquecer o restante”, disse.
Questionado se o Bahia estaria pronto para voltar a competir em alto nível, o defensor avaliou que o grupo ainda precisa de mais tempo, principalmente para aprimorar conceitos táticos.
“Eu não estaria com condições de jogar ainda. Estamos treinando em grupos separados e ainda não tivemos muito contato, não teve coletivo, reduzido, amistoso… Se o campeonato voltasse hoje, acho que não estaríamos prontos porque a gente vem treinando a parte física e não a parte tática”.
“Estamos iniciando a terceira semana de treinos, quase finalizando a parte física para iniciar a parte tática com o professor Roger Machado. Creio que a gente pode voltar ainda melhor do que terminamos com a sequência boa que a gente vinha conseguindo quando começou a pandemia”, avaliou o zagueiro.